terça-feira, 18 de outubro de 2011

INSTABILIDADE ATLANTOAXIAL E HIPERFROUXIDÃO LIGAMENTAR NA SÍNDROME DE DOWN

A instabilidade atlantoaxial (IAA) é caracterizada pelo aumento da mobilidade da articulação C1-C2 devido a frouxidão ligamentar alar, sendo freqüente em portadores da Síndrome de Down. O objetivo deste trabalho é estudar a freqüência de IAA e sua associação com hiperfrouxidão ligamentar generalizada em pacientes com Síndrome de Down. Selecionou-se 80 crianças, 34 (42,5%) masculinos e 46 (57,5%) femininos, com idades entre 5,6 e 15 anos (média de 9). Os pacientes foram avaliados por questionário e radiografia em perfil da coluna cervical em flexão. Encontrouse sintomatologia clínica em 58%, comumente relatada como fraqueza em membros inferiores. A distância atlanto-odontoidal foi de até 4,5 mm em 77,5% , de 4,5 a 6 mm em 15% e, maior que 6 mm em 7,5% dos pacientes avaliados. Os pacientes portadores de hiperfrouxidão ligamentar generalizada (grupo 1) não apresentaram maior freqüência de IAA em relação aos não portadores de hiperfrouxidão (grupo 2). Os autores concluíram que a IAA apresenta alta freqüência na síndrome de Down, não havendo associação direta com hiperfrouxidão ligamentar generalizada. 
Autor: MARCOS ALMEIDA MATOS
Leia o artigo completo no link:

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Os fundamentos das deficiências e síndromes

Conhecer o que afeta o seu aluno é o primeiro passo para criar estratégias que garantam a aprendizagem
Fonte: Revista Nova Escola -  
Publicado em JULHO 2009. Título original: Aprender e superar
Carla soares Martin (novaescola@atleitor.com.br)

Deficiência intelectual
Ajudou no meu trabalho perceber que o Benjamin precisa visualizar. Ele entende mais diante de situações concretas. Roseléia Blecher, professora da Nova Escola Judaica Bialik Renascença, em São Paulo, onde estuda Benjamin Saidon, 15 anos, com síndrome de Down
"Ajudou no meu trabalho perceber que o Benjamin  precisa visualizar. Ele entende mais diante de  situações concretas."
Roseléia Blecher, professora da Nova Escola Judaica Bialik Renascença, em São Paulo, onde  estuda Benjamin Saidon, 15 anos,  com síndrome de Down. Foto: Marcelo Min
• Definição: funcionamento intelectual inferior à média (QI), que se manifesta antes dos 18 anos. Está associada a limitações adaptativas em pelo menos duas áreas de habilidades (comunicação, autocuidado, vida no lar, adaptação social, saúde e segurança, uso de recursos da comunidade, determinação, funções acadêmicas, lazer e trabalho). O diagnóstico do que acarreta a deficiência intelectual é muito difícil, englobando fatores genéticos e ambientais. Além disso, as causas são inúmeras e complexas, envolvendo fatores pré, peri e pós-natais. Entre elas, a mais comum na escola é a síndrome de Down.

SÍNDROME DE DOWN• Definição: alteração genética caracterizada pela presença de um terceiro cromossomo de número 21. A causa da alteração ainda é desconhecida, mas existe um fator de risco já identificado. "Ele aumenta para mulheres que engravidam com mais de 35 anos", afirma Lília Maria Moreira, professora de Genética da Universidade Federal da Bahia (UFBA).
• Características: além do déficit cognitivo, são sintomas as dificuldades de comunicação e a hipotonia (redução do tônus muscular). Quem tem a síndrome de Down também pode sofrer com problemas na coluna, na tireoide, nos olhos e no aparelho digestivo, entre outros, e, muitas vezes, nasce com anomalias cardíacas, solucionáveis com cirurgias.
• Recomendações: na sala de aula, repita as orientações para que o estudante com síndrome de Down compreenda. "Ele demora um pouco mais para entender", afirma Mônica Leone Garcia, da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo. O desempenho melhora quando as instruções são visuais. Por isso, é importante reforçar comandos, solicitações e tarefas com modelos que ele possa ver, de preferência com ilustrações grandes e chamativas, com cores e símbolos fáceis de compreender. A linguagem verbal, por sua vez, deve ser simples. Uma dificuldade de quem tem a síndrome, em geral, é cumprir regras. "Muitas famílias não repreendem o filho quando ele faz algo errado, como morder e pegar objetos que não lhe pertencem", diz Mônica. Não faça isso. O ideal é adotar o mesmo tratamento dispensado aos demais. "Eles têm de cumprir regras e fazer o que os outros fazem. Se não conseguem ficar o tempo todo em sala, estabeleça combinados, mas não seja permissivo." Tente perceber as competências pedagógicas em cada momento e manter as atividades no nível das capacidades da criança, com desafios gradativos. Isso aumenta o sucesso na realização dos trabalhos. Planeje pausas entre as atividades. O esforço para desenvolver atividades que envolvam funções cognitivas é muito grande e, às vezes, o cansaço faz com que pareçam missões impossíveis para ela. Valorize sempre o empenho e a produção. Quando se sente isolada do grupo e com pouca importância no trabalho e na rotina escolares, a criança adota atitudes reativas, como desinteresse, descumprimento de regras e provocações.
TGD
Trocando experiências com colegas, descobri novas maneiras de ensinar o Matheus. E, quando percebi que ele aprendia, nunca mais dei sossego a ele. Hellen Beatriz Figueiredo, que deu aulas para Matheus Santana da Silva, autista, na 1ª série da EMEF Coronel Hélio Franco Chaves, em São Paulo
"Trocando experiências com colegas, descobri novas maneiras de ensinar   o Matheus. E, quando percebi que ele aprendia, nunca mais dei sossego a ele."
Hellen Beatriz Figueiredo, que deu aulas para Matheus Santana da Silva, autista,  na 1ª série da EMEF Coronel Hélio Franco Chaves, em São Paulo. Foto: Marcelo Min
• Definição: os Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD) são distúrbios nas interações sociais recíprocas, com padrões de comunicação estereotipados e repetitivos e estreitamento nos interesses e nas atividades. Geralmente se manifestam nos primeiros cinco anos de vida.

AUTISMO
• Definição: transtorno com influência genética causado por defeitos em partes do cérebro, como o corpo caloso (que faz a comunicação entre os dois hemisférios), a amídala (que tem funções ligadas ao comportamento social e emocional) e o cerebelo (parte mais anterior dos hemisférios cerebrais, os lobos frontais).
• Características: dificuldades de interação social, de comportamento (movimentos estereotipados, como rodar uma caneta ou enfileirar carrinhos) e de comunicação (atraso na fala). "Pelo menos 50% dos autistas apresentam graus variáveis de deficiência intelectual", afirma o neurologista José Salomão Schwartzman, docente da pós-graduação em Distúrbios do Desenvolvimento da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo. Alguns, porém, têm habilidades especiais e se tornam gênios da informática, por exemplo.
• Recomendações: para minimizar a dificuldade de relacionamento, crie situações que possibilitem a interação. Tenha paciência, pois a agressividade pode se manifestar. Avise quando a rotina mudar, pois alterações no dia a dia não são bem-vindas. Dê instruções claras e evite enunciados longos.

SÍNDROME DE ASPERGER• Definição: condição genética que tem muitas semelhanças com o autismo.
• Características: focos restritos de interesse são comuns. Quando gosta de Matemática, por exemplo, o aluno só fala disso. "Use o assunto que o encanta para introduzir um novo", diz Salomão Schwartzman.
• Recomendações: as mesmas do autismo.

SÍNDROME DE WILLIAMS• Definição: desordem no cromossomo 7.
• Características: dificuldades motoras (demora para andar e falta de habilidade para cortar papel e andar de bicicleta, entre outros) e de orientação espacial. Quando desenha uma casa, por exemplo, a criança costuma fazer partes dela separadas: a janela, a porta e o telhado ficam um ao lado do outro. No entanto, há um interesse grande por música e muita facilidade de comunicação. "As que apresentam essa síndrome têm uma amabilidade desinteressada", diz Mônica Leone Garcia.
• Recomendações: na sala de aula, desenvolva atividades com música para chamar a atenção delas.

SÍNDROME DE RETT• Definição: doença genética que, na maioria dos casos, atinge meninas.
• Características: regressão no desenvolvimento (perda de habilidades anteriormente adquiridas), movimentos estereotipados e perda do uso das mãos, que surgem entre os 6 e os 18 meses. Há a interrupção no contato social. A comunicação se faz pelo olhar.
• Recomendações: "Crie estratégias para que esse aluno possa aprender, tentando estabelecer sistemas de comunicação", diz Shirley Rodrigues Maia, da Ahim-sa. Muitas vezes, crianças com essa síndrome necessitam de equipamentos especiais para se comunicar melhor e caminhar.
Quer saber mais?
CONTATOS
Associação de Amigos do Autista (AMA)www.ama.org.br
Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD)www.aacd.org.br
Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae)www.apaebrasil.org.br
Associação Educacional para Múltipla Deficiênciawww.ahimsa.org.br
Associação Quero-Querowww.projetoqueroquero.org.br
Divisão de Educação e Reabilitação dos Distúrbios da Comunicação (Derdic)www.derdic.pucsp.com.br
Fundação Dorina Nowill para Cegoswww.fundacaodorina.org.br 
Fundação Selmawww.fund-selma.org.br
Instituto de Educação para Surdos (Ines)www.ines.gov.br
Laramara - Associação Brasileira de Assistência ao Deficiente Visualwww.laramara.org.br

FILMOGRAFIA
Vermelho como o Céu
, Cristiano Bortone, 95 min., Califórnia Filmes, tel. (11) 3048-8444 

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Dados censitários são uma das principais causas do fracasso das políticas públicas voltadas para as pessoas com deficiência

O censo de 2010 realizado pelo IBGE, da mesma forma que o censo de 2000, não conseguiu levantar com fidelidade as informações sobre as pessoas com deficiência no Brasil, tanto quantitativamente quanto qualitativamente. 
No caso das pessoas cegas e surdo cegas , o número levantado pelo censo de 2000, informou que o Brasil têm 128.000 pessoas cegas e surdo-cegas. 

Trata-se de um número bastante equivocado, pois se compararmos com percentuais de pessoas cegas da população mundial estimados pela Organização Mundial de Saúde com os do censo do IBGE de 2000, os dados brasileiros que apontaram 128.000 cegos no Brasil ( cerca de 0, 075% da população) estão muito aquém da média mundial, que é aproximadamente 0, 6% da população. 
Como no censo que 2010 o mesmo critério foi utilizado, os resultados deverão também apontar números muito inferiores à média mundial. 
Entretanto o resultados do projeto “Pequenos Olhares”, do Conselho Brasileiro de Oftalmologia apontaram para números semelhantes aos da OMS, conforme abaixo. 
Os Deficientes Visuais no Brasil: em 2004, eram cerca de 4 milhões de pessoas (acuidade visual no melhor olho entre 20/60 e 20/400). 
Sendo 60% das cegueiras são evitáveis; 90% dos casos de cegueira ocorrem mais em áreas pobres; 40% têm conotação genética (são hereditárias); 25% têm causa infecciosa e 20% das cegueiras já instaladas são recuperáveis. 
A Cegueira no adulto: As quatro maiores causas são a catarata, o glaucoma, o diabetes (via retinopatia diabética e suas complicações) e a degeneração macular relacionada à idade. Outras incluem o tracoma, os traumatismos, as uveorretinites, o descolamento de retina, as infecções, tumores e hipertensão arterial. 
Cegueira Infantil: Anomalias do desenvolvimento, as infecções transplacentárias e neonatais (como exemplo, a toxoplasmose, a rubéola, a sífilis), a prematuridade, os erros inatos do metabolismo, as distrofias, os traumas e os tumores. 
Por questões sociais conhecidas a cegueira na população brasileira distribui-se da seguinte forma estatística: 
0,3% da população em regiões de boa economia e com bons serviços de saúde; 
0,6% da população em regiões de razoável economia e com pobres serviços de saúde; 
0,9% da população em regiões de pobre economia e com pobres serviços de saúde; 
1,2% da população em regiões de muito pobre economia e com muito pobres serviços de saúde. 
Pelo estudo de 2004 feito pela CBO, as estimativas sobre o número de cegos no Brasil oscilavam entre 1 milhão e 1,2 milhões de pessoas, com as seguintes médias: 
Regiões de pobre economia e com pobres serviços de saúde - 85 milhões X 0.9% = 765.000 
Regiões de razoável economia e com pobres serviços de saúde – 69 milhões X 0.6% = 414.000 
Regiões de boa economia e com bons serviços de saúde - 16 milhões X 0.3% = 48.000 
Total = 1.227.000 
Mas se a base for o mesmo percentual utilizado pelo USA (0,3% da população) , chegaremos a num número aproximado de 570.000 pessoas cegas no Brasil, para uma população atual de 190 milhões. 
Então podemos dizer sem erro que o Brasil tem entre 570.000 e 1.200.000 pessoas cegas, dependendo apenas do conservadorismo com que queiramos encarar este problema nacional. 
E quantos são surdos cegos? 
Por falta de dados censitários e se utilizamos os números americanos ( Gallaudet University – Deaf-Blind in USA 2007 ), que estimam que 0,015% da população dos USA é surdo-cega , poderemos estimar para 190 milhôes de habitantes do Brasil, cerca de 28.500 são surdos-cegos, sendo que destes cerca de 7.250 são crianças ou adolescentes, isto sem consideramos o aumento dos percentuais, relativos a fatores como ausência de um sistema de saúde de qualidade e a pobreza existente ainda em muitas regiões do País. 

Se projetarmos essa avaliação para as demais deficiências , chegaremos a conclusão que nada poderá ser feito sem a realização de um censo específico, que mensure e localize as pessoas com deficiência , pois os atuais dados censitários excluem milhões delas e impedem que os gestores públicos formulem políticas de apoio apropriadas e proporcionais as necessidades das pessoas com deficiência, dificultando seu acesso a educação e ao trabalho e impedindo o pleno exercício da cidadania. 

Referências: 

The 2007 National Child Count of Children and Youth who are Deaf-Blind The Teaching Research Institute ,Western Oregon University ,The Helen Keller National Center ,Sands Point, New York ,The Hilton-Perkins Program -Watertown, Massachusetts – 2008 
Censo Brasileiro de 2000 – Instituto Brasileiro de Geografia Estatística – IBGE 
Projeto Pequenos Olhares– Elisabeto Ribeiro Goncalves, Marcos Avila, Nelson Lousada – Conselho Brasileiro de Oftalmologia– 2004 
Organização Mundial da Saúde – Previsão para cegueira em 2020 – Tribuna da Bahia – 02/09/2010 

Fonte: Acessibilidade Brasil
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